O ano era 2007, véspera de Natal, e em um stand de trabalho no Rio de Janeiro, Botafogo, a gata Cleo foi encontrada. De coleira, mas assustada, cheia de fome e sede. Gal decidiu enfrentar os seus receios e dar um lar temporário para a Cleo, até o dono dela aparecer ou encontrar um novo lar definitivo. Ela estava começando a morar com Leo, seu companheiro, que já se apegou na gata logo de cara. Enquanto Gal ia sendo cativada aos poucos, dia após dia… E assim passaram as festas, em família.
Até que o dono surgiu. Lá para o dia 10 de janeiro, cheio de agressividade, dizendo que a gata dele havia sido roubada, com direito a queixas e muita dor de cabeça. O detalhe: ele havia deixado Cleo sozinha desde antes do Natal para viajar.
Então, uma decisão importante foi tomada, proteger Cleo. Ela não voltaria para o dono, que apresentava um comportamento questionável. Foi assim que Cleo virou a “gata roubada”! Cleo se tornou a rainha da casa. Gata comilona e carinhosa que só ela, até fazer cafuné sabia. Primeiro sozinha, depois com Zoro, seu amigo felino que precisou de dois meses para conquistá-la e se tornarem inseparáveis.
12 anos depois, Cleo começou a ficar quieta, depois a vomitar, o pelo ficou opaco… Aí foram muitas idas ao veterinário, exames, sempre negativos para Fiv e Felv. Ninguém descobria o que ela tinha.
De repente, ela passou a ter dificuldade de andar e ficou paraplégica. Mas Cleo não perdeu o brilho no olho e se mostrou uma gata forte, com sede de vida. Seguiu andando pela casa toda, mesmo com só as duas patas da frente, sempre comendo loucamente! Gal e Leo cuidavam sem medir esforços, investindo em cuidados alternativos, como acupuntura. Às vezes, usava fraldas, mas garantiam momentos livres, para que ela se sentisse leve. Era um equilíbrio delicado e como muitos processos desse tipo, havia uma pontada de culpa — “Será que eu podia ter visto antes?” — Vida sendo vida.
Cleo foi ficando mais frágil. No último dia, Gal e Leo não saíram do lado dela. Revezavam ela no colo, falando baixinho, fazendo carinho, agradecendo por cada momento. A Gal cantava, como sempre, a música que era delas: “Coisa mais bonita é você, assim, justinha, gatinha…”. E então, num instante que pareceu parar o tempo, a Gal olhou pra ela e disse: “Eu te amo.” Naquele exato momento, Cleo deu seu último suspiro. Suas patinhas tremeram de leve, em despedida da alma nesse corpo material.
A partida da Cleo deixou um vazio que ainda pulsa na Gal e no Leo, mas também uma certeza: gatos nos ensinam a amar com tudo que temos, até o fim. Eles nos mostram que cuidar é estar presente, mesmo quando dói.
Atualmente, Gal se dedica a cuidar de seus 20 gatos e Leo fica na missão de cuidar da gatos de rua e fazer resgates! Muitas vidas já foram salvas depois de Cleo.